Quando uma nova vida integra o ambiente familiar, traz muitas alegrias, aprendizados, desejos, esperanças e pontos de atenção. A todo o momento, os pais observam as evoluções, o crescimento e o desenvolvimento daquele pequeno ser.
Também é uma grande oportunidade para observar se há algo diferente com a criança ou se ela apresenta algum tipo de desordem no desenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista – TEA.
Para entender melhor esse assunto, confira neste artigo o que é o autismo infantil, quais as principais causas e sintomas, como é feito o diagnóstico, as formas de tratamento e os direitos conquistados pelos autistas.
O que é o autismo infantil?
O Transtorno do Espectro Autista – TEA é um transtorno de desenvolvimento caracterizado por uma redução ou incapacidade de comunicação, comportamentos repetitivos e dificuldade de socialização. Por isso, é natural que os autistas apresentem restrições na fala e na autoexpressão, falta de imaginação e empatia, dificuldade em olhar nos olhos e sorrir.
O autismo infantil é um dos transtornos englobados dentro do que o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 classifica como TEA. Dentro dessa classificação, o autismo passa a ser denominado como espectro para deixar claro que não existe uma doença, mas sim um espectro de manifestações possíveis e variáveis, e que cada criança pode ser afetada de uma forma diferente.
Dados sobre a incidência do autismo
No Brasil, estima-se que existam aproximadamente 2 milhões de pessoas dentro do espectro autista. Destes, de 400 a 600 mil possuem menos de 20 anos e de 120 a 200 mil menos de 5 anos.
No cenário mundial, a Organização das Nações Unidas – ONU estima cerca de 70 milhões de autistas, sendo que entre as crianças os casos de autismo são maiores do que a soma dos casos de câncer, diabetes e AIDS.
Já nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC lançou um documento, em março de 2020, afirmando que 1 em cada 54 pessoas possui TEA e que o número de meninos é 4 vezes maior do que o de meninas.
Números como esses mostram que a incidência do autismo é significativa. Por isso, cada vez mais estudos, formas de diagnóstico e tratamentos são apresentadas como alternativas para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dessa população.
Quais as causas do autismo infantil?
Embora as causas do autismo infantil não sejam conhecidas em sua totalidade, pesquisas apontam para questões genéticas e ambientais. Podem acontecer mutações genéticas espontâneas durante o desenvolvimento do feto ou a hereditariedade passada dos pais para os filhos.
Por outro lado, as crianças são seres sensíveis. Considerando que o processo de desenvolvimento dura muitos anos (do nascimento até a adolescência), elas estão mais sujeitas às influências ambientais danosas, como a toxicidade ambiental e hábitos da vida moderna.
Ainda durante a gestação, muitas crianças são expostas a uma alimentação rica em agrotóxicos e com poucos nutrientes. Daí a importância da suplementação na gravidez, além de uma estratégia nutricional adequada para reduzir esses riscos.
Sem contar os fatores relacionados às mudanças culturais, como obesidade na gestação, sedentarismo, ter filhos cada vez mais tarde e uso abusivo de antibióticos no primeiro ano de vida.
Como saber se o seu filho tem autismo?
A principal forma de identificar o autismo é por meio da observação. Os sinais podem aparecer logo nos primeiros meses de vida e estão associados a um atraso no que seria um desenvolvimento normal esperado.
Para entender melhor, confira quais são os principais marcos do desenvolvimento infantil normal, de forma resumida.
Marcos do desenvolvimento infantil
- 1 a 3 meses: percebe melhor o rosto humano, sorri, segue objetos com o olhar, reage a estímulos sonoros, fica de bruços, abre a mão e emite algum som.
- 4 a 6 meses: agarra objetos com a mão, busca estímulos sonoros e vira o rosto em direção, rola no leito.
- 6 a 9 meses: senta, engatinha, reage a pessoas estranhas, balbucia algo, brinca de “esconde-achou”, pinça polegar (dedo rudimentar).
- 12 meses: dá os primeiros passinhos, bate palmas, segura a mamadeira, acena, fala as primeiras sílabas, segura a mamadeira, pinça completa.
- 18 meses: anda, fala as primeiras palavras, rabisca, compreende ordens, dá nome aos objetos e usa talheres.
- 2 a 3 anos: fala o próprio nome, forma frases simples, corre, tira peças de roupa, brinca e interage com outras crianças.
Como confirmar o diagnóstico?
Não existe um exame laboratorial ou de imagem capaz de diagnosticar o autismo infantil. Desse modo, o diagnóstico é clínico e pode ser feito por um profissional especializado, como um neuropediatra ou psiquiatra infantil, ou mesmo uma equipe multiprofissional.
O diagnóstico é feito por meio da avaliação da criança, por volta dos 18 meses de idade, em que é realizada uma avaliação comportamental, entrevista com os pais e testes padronizados, como o M-CHAT.
O autismo não tem uma “cara” ou condição física que facilite sua identificação. Por isso, no início, quando os sinais são muito sutis, o TEA também pode ser confundido com outros comportamentos como timidez, excentricidade ou uma simples falta de atenção.
Quais os sintomas do autismo infantil?
Os principais sintomas considerados no diagnóstico são:
- dificuldades na comunicação e interação social persistentes e em diferentes contextos;
- padrões de comportamento restritos e repetitivos, interesses ou atividades que prejudiquem o convívio social.
O que diferencia as pessoas dentro do espectro autista é a intensidade dos sintomas. No autismo leve ou de alta funcionalidade as limitações são pequenas, o que não limita a criança de ir para a escola, trabalhar quando adulta e mesmo fazer amigos.
Por outro lado, quando o autismo é severo, outras habilidades podem ser prejudicadas e a criança pode necessitar de auxílio até mesmo para realizar tarefas simples, como se vestir e tomar banho.
Entenda melhor os principais sintomas do TEA nos próximos tópicos.
Dificuldades de interação e comunicação
- Não busca o olhar da mãe durante a amamentação;
- Demonstra indiferença entre o colo dos pais ou de qualquer outra pessoa;
- Não atende ao ser chamada pelo nome;
- Não responde a brincadeiras dos pais ou outras crianças;
- Não aponta para o que deseja, mas sim conduz as mãos de outra pessoa para fazer isso ou pegar um objeto;
- Não entende brincadeiras de faz de conta;
- Atraso para falar;
- Reações exageradas a estímulos como luz, som e texturas.
Padrões de comportamento restritivos e repetitivos
- Atraso para engatinhar e andar;
- Caminha na ponta dos pés;
- Apego exagerado a determinados objetos;
- Não gosta de sair da rotina;
- Apresenta estereotipias, como: balançar o corpo para frente e para trás, balançar as mãos, bater os pés no chão ou em algum objeto próximo, girar objetos ou girar em volta do próprio corpo, estalar os dedos, roer as unhas sem parar, entre outros.
O que é autismo infantil leve?
Assim como qualquer pessoa, cada autista tem suas características próprias. No caso do autismo leve ou de alta funcionalidade, o diagnóstico pode demorar um pouco mais para ser feito, pois os sinais são mais sutis.
A criança irá apresentar as mesmas características e sintomas já descritos anteriormente, mas de uma forma mais branda.
No entanto, com o tratamento adequado e a estimulação precoce, ela deverá ter um bom desenvolvimento e viver de forma independente.
Diferença entre autismo e déficit de atenção
Embora as duas condições afetem o desenvolvimento neurológico da criança e alguns comportamentos sejam semelhantes, há diferenças entre o TEA e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH.
O autismo é caracterizado principalmente pela dificuldade de interagir socialmente e se comunicar, além de apresentar comportamentos repetitivos e interesses restritos (foco exagerado em algo).
Já a pessoa com TDAH não tem foco. Os principais sintomas são falta de atenção, desorganização, hiperatividade e impulsividade. Alguns autistas podem ter déficit de atenção associado, mas o contrário não acontece.
Importante destacar que a avaliação médica é imprescindível para confirmar ambos os diagnósticos.
Como tratar?
Ainda não existe um remédio específico para o tratamento do autismo. O diagnóstico precoce, o atendimento médico multidisciplinar e as terapias comportamentais costumam ser a melhor combinação para aumentar a qualidade de vida e o nível de independência dos autistas.
A equipe de profissionais geralmente é composta por pediatra, psiquiatra, médico neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo. O tratamento também associa diferentes terapias com o objetivo de testar e desenvolver habilidades sociais e motoras, comunicação e organização.
Além disso, estudos apontam para o uso de suplementação de vitamina D e o ácido graxo ômega-3, assim como outros remédios, para tratar de sintomas ou doenças associadas, como insônia, hiperatividade, depressão, falta de atenção, entre outras.
Importância do tratamento precoce
Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores os resultados do tratamento. Essa foi a conclusão de um estudo realizado pela Academia Americana de Pediatria, após 12 anos de pesquisa e atividade clínica.
A confirmação do diagnóstico faz com que as famílias tenham acesso a benefícios sociais e iniciem as terapias precocemente. Ao aproveitar as janelas de oportunidades, os estímulos nos momentos certos garantem melhores resultados para a criança.
O que posso fazer pelo meu filho autista?
Buscar conhecimento, profissionais para o diagnóstico correto, tratar de forma precoce, não desanimar e amar seu pequeno incondicionalmente. Além do autista, os pais também precisam de suporte físico e emocional para compreender o que está acontecendo e contribuir no tratamento e desenvolvimento da criança.
Outras formas de ajudar seu filho é o cuidado com a alimentação, uso de suplementos e vitaminas para o bom funcionamento do cérebro, a prática de exercícios físicos e brincadeiras estimulantes e a redução na carga de toxicidade ambiental (brinquedos com chumbo, panelas de alumínio, tintas artificiais, entre outros).
Direitos dos autistas
Os papais e familiares também devem estar cientes, defender e garantir os direitos da pessoa com TEA. Assim como qualquer outro cidadão, os autistas têm seus direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988 e em leis específicas para pessoas com deficiência (7.853/89, 8.742/93, 8.899/94, 10.048/2000 e 10.098/2000).
Além disso, em dezembro de 2012, foi sancionada a Lei nº 12.764/2012, que estabelece a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e garante o direito ao tratamento por meio do Sistema Único de Saúde – SUS.
Crianças e idosos autistas também possuem os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90) e Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), respectivamente.
Todos esses direitos devem ser conhecidos e utilizados pelos autistas e seus familiares, como forma de fortalecer o caminho de conscientização do autismo, além de contribuir para uma sociedade mais sensível e acolhedora.
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