O ambiente, os cuidados médicos, a acompanhante, a posição mais confortável no momento das contrações, a possibilidade de decidir sobre cortar ou não o cordão umbilical e como passar o primeiro minuto após o nascimento do seu pequeno.
Já pensou em escrever como você gostaria que fosse seu parto?
Pois saiba que isso é possível por meio de um documento chamado plano de parto.
Neste artigo vamos esclarecer o que é, para que serve, quais os benefícios, o que deve ter e como elaborar um plano de parto.
Tudo isso de forma simples e eficaz. Confere com a gente!
O que é plano de parto?
Em poucas palavras, o plano de parto é um documento no qual ficam registrados, por escrito, todos os desejos da futura mamãe em relação aos aspectos que envolvem o parto, bem como os primeiros cuidados com o recém-nascido.
É uma espécie de guia feito pela gestante com o auxílio do seu médico ou doula, ainda durante a gravidez, com o intuito de deixar claro quais são as preferências dos pais quanto à assistência hospitalar e médica.
O objetivo é assegurar que você, futura mamãe, tenha uma assistência de qualidade, um parto único e uma experiência individualizada, com toda a atenção e o cuidado que o momento merece.
Quem tem direito ao plano de parto?
Em primeiro lugar, é importante deixar claro que esse é um documento legal, reconhecido pelo Ministério da Saúde e recomendado pela Organização Mundial da Saúde – OMS.
Portanto, toda a gestante tem o direito a escrever esse documento, juntamente com o profissional que a está acompanhando. Ele deve, inclusive, ser discutido durante toda a gravidez e assinado por ambas as partes.
Ela garante o direito da mulher escolher uma pessoa para acompanhá-la durante o trabalho de parto, parto e pós-parto. E isso é independente do convênio médico ou da utilização dos serviços do Sistema Único de Saúde – SUS.
Para que serve?
O plano de parto é uma forma de garantir todo o suporte físico, técnico e emocional durante o processo do parto.
Além das preferências da gestante, o documento amplia o conhecimento em relação aos procedimentos médicos a serem executados, bem como evidências científicas comprovadas e mais atualizadas.
A futura mamãe pode, por exemplo, optar pelo acompanhamento de uma doula da sua confiança, o que garantirá um maior conforto emocional durante todo o processo.
Pode também escolher quem será seu acompanhante, se gostaria ou não de usar medicação para aliviar a dor ou induzir ao parto, a posição em que se sente mais confortável (deitada, sentada ou em pé), entre outros aspectos.
Quais os benefícios?
Os benefícios de elaborar o documento são muitos. Entre eles:
Melhorar a comunicação entre a gestante, a equipe médica e a maternidade;
Alinhar as expectativas em relação ao tipo de parto e intervenções a serem realizadas;
Esclarecer todas as dúvidas possíveis sobre o parto, ainda durante a gestação;
Aumentar o conhecimento da mulher em relação às fases do parto, fisiologia do corpo e intervenções hospitalares que podem ser realizadas;
Possibilitar a participação ativa e a tomada de decisão das gestantes no processo do parto e nos primeiros cuidados com o bebê;
Reduzir o número de cesáreas desnecessárias;
Diminuir a dor durante o trabalho e o parto natural;
Melhorar o escore do bebê;
Aumentar a satisfação das mulheres em relação ao parto e pós-parto imediato.
O que saber antes de fazer seu plano de parto?
Informação e conhecimento são as bases para um bom plano.
Livros e cursos preparatórios com doulas ou enfermeiros obstetras podem ajudar muito a compreender o que acontece no corpo da mulher durante as fases do parto e as principais intervenções médicas de rotina.
Para quem não tem acesso, a internet disponibiliza uma série de materiais gratuitos e de qualidade sobre o tema.
Além disso, é importante conversar com o médico durante todo o pré-natal e esclarecer as dúvidas. Você também pode pesquisar evidências científicas atualizadas, levar até ele e falar sobre suas preferências baseadas nessas informações.
Não esqueça de discutir o plano de parto também com o seu acompanhante, para que ele tenha conhecimento sobre o processo e possa apoiá-la em todos os momentos e decisões.
O que o plano de parto deve ter?
O documento deve conter todas as preferências da futura mamãe, como:
local escolhido para o parto;
nome do acompanhante e grau de parentesco (direito garantido por lei);
doula (caso tenha);
quem será a equipe médica (plantonista ou equipe contratada pela gestante);
indução ou não do parto ao final da gestação;
indução ou não do parto em caso de ruptura espontânea da bolsa;
realização ou não de cesárea;
posicionamento da futura mamãe em relação às intervenções durante o trabalho de parto;
preferências pessoais em relação ao ambiente;
posicionamento em relação às primeiras intervenções no recém-nascido.
Como elaborar?
O documento pode ser feito em formato de carta ou lista, como a mamãe considerar mais adequado.
Para facilitar, as informações podem estar divididas de acordo com as etapas: trabalho de parto, parto, pós-parto e primeiros cuidados com o bebê.
Não esqueça de descrever exatamente o que você deseja ou não em relação a cada procedimento.
1. Trabalho de parto
Durante o trabalho de parto, você gostaria de:
ter liberdade para comer e ingerir líquidos;
ficar em jejum;
caminhar e se movimentar;
ficar deitada;
ter monitoramento fetal somente quando necessário e não de forma contínua;
estar em um ambiente com pouca ou muita luminosidade;
estar em um ambiente com pouco ou muito barulho;
escolher quanto ao uso de soro com ocitocina ou outros hormônios de indução, analgésicos ou antibióticos;
escolher quanto à ruptura de membranas (amniotomia) para acelerar o trabalho de parto;
solicitar ou não o uso de medicamentos para o alívio da dor;
optar pelo uso de métodos não farmacológicos para o alívio da dor, como: caminhadas, agachamentos, massagem, banho, entre outros.
realizar ou não tricotomia (raspagem dos pelos pubianos);
realizar ou não enema (lavagem intestinal).
2. Parto
Na hora do parto, você gostaria de:
fazer força sempre que sentir vontade;
ser orientada para fazer força nos momentos mais adequados;
não acelerar o nascimento com alguém empurrando a barriga para baixo;
escolher como estará o ambiente e quem estará presente;
sentir ou visualizar a cabeça do bebê logo que ele coroar;
escolher a posição em que deseja ficar para o nascimento;
decidir quanto à episiotomia (corte ou não do períneo).
3. Após o parto
Logo após o parto, você gostaria de:
aguardar a expulsão espontânea da placenta, sem manobras, tração ou massagens;
obter ajuda para a placenta sair, como recomenda a Organização Mundial da Saúde;
receber ocitocina para prevenir hemorragias, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde;
ver seu acompanhante cortar o cordão umbilical;
deixar a equipe médica cortar o cordão umbilical.
4. Cuidados com o bebê
Nos primeiros momentos com o bebê, você gostaria de:
pegar no colo imediatamente;
tentar amamentar na primeira hora;
ficar o máximo de tempo possível com o bebê no colo e na sala de recuperação, sem interrupções (lembrando que a rotina do hospital também precisa ser respeitada).
Quando começar a fazer o plano de parto?
Não há uma regra, mas é importante que o plano de parto seja elaborado durante o acompanhamento pré-natal.
Isso porque a futura mamãe ou o casal pode contar com a ajuda do médico na elaboração do documento, bem como no esclarecimento de todas as dúvidas e o que poderá ou não ser atendido.
Outro ponto fundamental, é visitar a maternidade escolhida para o parto e verificar o plano de assistência obstétrica com antecedência.
Alinhar expectativas pode evitar frustrações e garantir um parto feliz e seguro para a mamãe e o pequeno.
Quanto custa?
A elaboração do documento em si não deve ter custo adicional. É um alinhamento entre médico e gestante, que pode ser realizado ao longo do pré-natal.
Por outro lado, as solicitações da gestante podem interferir diretamente no valor do parto.
São alguns exemplos: a definição entre parto normal ou cesárea, utilização de recursos como banheira ou acompanhamento de doula.
É importante ficar claro que algumas solicitações podem fugir da responsabilidade do médico e devem ser tratadas diretamente com a instituição na qual ocorrerá o parto.
Outras dicas sobre o plano de parto
Por fim, o ideal é entregar o documento impresso no momento da entrada no hospital ou maternidade e apresentar para a equipe responsável ou que está de plantão. Não há um modelo específico a ser seguido. O documento pode ser feito da forma mais pessoal possível, de modo informal e até mesmo manuscrito. É fundamental que o casal estude sobre o parto. Não somente a gestante, mas também seu companheiro, se possível. Em alguns momentos, ele poderá ser o porta-voz da mulher e precisa estar ciente de todo o processo e de como foi a construção do documento.
Modelo de Plano de parto
Agora, caso tenha interesse em um modelo de documento para guiar seu plano, clique aqui e baixe o seu.
Você já conhecia o plano de parto e sua importância, antes de ler este artigo?
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